quarta-feira, 4 de setembro de 2013

AQUELE OLHAR

Era dia. Um dia lindíssimo, por sinal. A luz do sol batia diretamente em meus olhos me fazendo acreditar que este seria um dia diferenciado. E como intuição feminina não falha – ou pelo menos a minha nunca havia falhado – aquela não foi só mais uma manhã cotidiana de sábado.

Fui caminhar cedo na praia como não fazia há tempos, sentir aquela brisa do mar me revigorava. O sol já estava por esquentar quando juntei minhas coisas e logo que saí da areia, ainda no calçadão, meus olhos encontraram olhos conhecidos.

Tremi por dentro, mas fingi normalidade. Limpava a areia dos pés enquanto pensava em como deveria agir ao levantar o rosto e dar de cara com ele ali. Justamente onde costumávamos nos encontrar. E quando o olhei, continuava a me olhar fixamente e foi inevitável, paralisei.

Oh Deus! Fazia tanto tempo e aqueles olhos ainda podiam dizer tanto a mim. Olhavam-me torturando fazendo imaginar como seria se caso ainda estivéssemos juntos. Frio, calor, tensão. Suava enquanto aqueles olhos penetravam os meus. Mas era tarde, tarde demais para pensar em uma história que tinha tudo pra dar certo, mas não deu. Logo avistei uma mulher com uma criança nos braços se aproximar e ele sorrir. Ao ver isso, voltei a solo terrestre e parei de vagar em recordações.

Olhei-o por uma última vez, me virei e jurei nunca mais pensar em nós com saudade. E assim prossegui minha vida, como vinha fazendo todo este tempo desde que partiu.

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