domingo, 15 de setembro de 2013

CONHECENDO A SOGRA

Acordei já pensando em como seria aquele dia terrível. Sou tão desengonçada com tudo, conhecer a mãe do Paulinho não seria nada fácil. Pensava em coisas legais pra dizer como “Ah, que casa bonita!” ou “Que cabelo bonito o seu senh..”, caramba! Como devo chamá-la? Senhora, dona Lucir ou só Lucir?

 Oi. Oi amor! - Tentei mostrar empolgação.
— Oi minha linda! E aí, tá tudo certo pra hoje?
— Ahh.. claro, amor! - Ria nervosamente.
— Está tudo bem mesmo, Rê? - Ele perguntava preocupado.
— Sim, sim. Pode vir me buscar em 10 minutos, já tô quase pronta. Beijos! - e desliguei correndo antes que desconfiasse de mais alguma coisa. Não dava mais pra adiar essa ida à casa da amada sogrinha.

Paulinho veio me buscar, entrei no carro dei um beijo nele e liguei o som. Tentei demonstrar o máximo de normalidade possível, acho que ele acreditou depois do quinto “Tá tudo ótimo, amor”.

Chegando lá bati com joelho no portão da casa. Só conseguia pensar no quanto aquilo doía e o quão lerda eu poderia ser. Entrei e fingi sorrir feliz. Uma moça com roupa de faxina abriu a porta e eu dei olá e sorri. Me virei pro Paulinho e constatei: Você não disse que tinha uma moça que cuidava da casa. - Ele fez uma cara de desentendido e deu um sorriso amarelo pra faxineira e me respondeu: Não temos, amor. Essa é minha mãe. - Gelei. Comecei bem. Bem mal.

Se a mãe dele tivesse me expulsado naquela hora teria entendido, porque meu nervosismo foi tanto que fui andando pra trás vermelha de vergonha e “Miiiiiiiiiaaaaaaau”, pisei no gato da velha. Ai, caramba!

— Ai, me desculpa senh..Dona Lucir. Me desculpa mesmo, não o vi ali. - Se eu saísse mancando dali não me impressionaria, porque ela me fuzilava com os olhos.
— ELA. Não viu ELA ali. - Dava ênfase mostrando que era fêmea.

Paulinho me puxou pra sala, perguntou se estava tudo bem e pediu que eu ficasse sentada que nada mais poderia acontecer. Ele estava tenso, não tanto quanto eu. Mas estava. Que dia desastroso! Só lembrava de falar algo especial, como o cabelo. Mulher sempre gosta que elogie seu cabelo. Ufa, ainda havia esperanças!

— Bonito seu cabelo, dona Lucir. É que cor? Amora? - Ela na mesma hora fechou a cara pra mim. O que eu poderia ter falado de errado dessa vez?
— A cabeleireira deixou cair a tinta errada no meu cabelo, Renata.
— Ah... sinto muito. Mas... Combinou com a senhora. Há males que vem para o bem, né? - Tentei melhorar fazendo uma piadinha.

Paulinho viu a ira da mãe em seus olhos e resolveu mudar o caminho da conversa.
— Então mãe, conta pra Rê o que você gosta de fazer.
— Cozinhar. Gosto de cozinhar. Sabe cozinhar, Renata?
— Brigadeiro conta? - Ria achando super engraçado e ela não retribuiu nem com um sorriso de canto  Foi uma piada, dona Lucir.
— Não teve graça. - Nossa, que velha sem humor! Fuzilei o Paulinho enquanto lembrava dele falando “Mamãe é um doce, não se preocupe amor”. Argh.

E lá vem aquele gato novamente. Começa a dançar em volta das minhas pernas, se roçando. Eu não tinha reação, nunca gostei de gato. Meu negócio é cachorro.
— Não vai fazer carinho nela, Renata? - Olhei incrédula.
— Ah, claro dona Lucir! Claro. - Paulinho que se prepare. Vou socá-lo.
— Vem cá, gatinha. Gatin.. AH! - A gata me deu um arranhão.
— Lurdinha, quê isso filha? Não, Lurdinha. - É sério que ela trata a gata desse jeito? Chega por hoje.
— Então é isso dona Lucir, tenho que ir.
— Mas já? Nem comeu o bolo que preparei.
— Deixa pra próxima. - Só queria sair de lá enquanto estava ralada, mas viva.

Quando já estava por sair, ouvi-a dizendo pro Paulinho:  Que garotinha que você foi arranjar hein Paulo Fernando..
Não aguentei. Dei meia volta e fui até ela.
— Olha, dona Lucir, pode ter certeza que hoje também não foi um dos meus melhores dias. Perdoe qualquer transtorno. Só quero que saiba que mesmo sendo desengonçada e não conseguindo fazê-la rir nem por um segundo, quero fazer seu filho feliz pra sempre. E independente dos problemas de hoje, agradeço a Deus por você. Porque sua vida gerou a minha, que é o Paulinho. - Sorri, triste por ter dado tudo errado, porém sabendo que havia tentado.

Na semana seguinte dona Lucir me ligou chamando pra comer aquele pedaço de bolo. Quando cheguei lá avistei o portão antes dele me avistar. Lurdinha, a gata, estava trancada no quarto e conversamos tranquilamente. Até que a velhinha é gente boa. E ai de quem disser que não.

Recadinho: Ao escrever esse conto, fiquei imaginando as diversas histórias que vocês tem pra contar. Que tal escrever nos comentários abaixo como foi conhecer a sogrona ou sogrão? Aguardo ansiosa, beijos!

2 comentários:

  1. Caramba que cruel esse "amor" a primeira vista em , maior barra , a fmailia do meu namorado até a mãe mesmo é tudo muito tranquilo,todo mundo la gosta d mim, so tem um certo ciumes dele mais nada d mais ,o homenzinho da familia é assim mesmo kk ,Só voce passar a ir mais na casa dela e tal,visita ,conversar q isso passa,é só de inicio mesmo pra causar um certo medo em vc kk vc sabe q mãe qnd é ciumenta n tem quem segure ,e se for filho unico piorou kkk , adorei o seu post beijos Andrezzaaa s2

    Iza

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    Respostas
    1. Izão, minha linda, com certeza pra Renata não foi fácil né? Rs. Ainda bem que é só um conto, mas infelizmente existem mães e pais neuróticos dessa forma. E claro, namoradas(os) que não sabem se comportar diante a situação. Então complica.. rs

      Fico feliz que no seu caso seja tranquilo. É normal demais a mãe ter ciúme do filho homem e o pai da filha. Rs.. Mas aprendem a lidar com a situação.

      Beijo e volte sempre!!

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