Cá estou, mais pra lá que pra cá, entre sorrisos e lágrimas,
sobrevivendo a cada dia. Hoje acordei com aquela dorzinha no coração, sabe?
Essa aí mesmo que você tá pensando. Dorzinha que você costumava cuidar, e bom,
ela era apenas uma dorzinha. Mas quando você se foi, se tornou um
incômodo... Doía tanto que eu mal podia fingir um sorriso para aquela velhinha que
dizia “bom dia minha filha” às 7h da manhã no ponto de ônibus.
Até parar de comer eu tinha parado, havia virado uma verdadeira
caveira. E isso tudo por causa dessa dorzinha que insistia em permanecer e não
passar jamais. Vivia zangada com a vida, mau humor era quase meu sobrenome. Já
não saía com amigas e muito menos me dava ao luxo de conhecer pessoas novas.
Meu ciclo sociável tinha se tornado eu, e... Eu.
Nem meu cachorro me aguentava mais. Era chegar em casa e ouvir o tilintar
das chaves em minhas mãos que Bobby corria pra de baixo do sofá e só saía
quando ia me deitar. Pois é, eu estava só.
Fui levando a vida assim até o dia em que resolvi sentar na minha
cadeira que eu tanto gostava – e nem mais conhecia direito – de frente pro
computador. Acessei o facebook e percebi que a vida continuava seguindo
lá fora enquanto eu permanecia trancada aqui dentro. Tinham muitas
notificações, mas as datas só condiziam há meses atrás. Ou seja, desistiram de
tentar manter contato com alguém que havia se privado disso.
Minhas amigas fizeram novas amigas e se divertiam como costumávamos
fazer toda sexta à noite depois do trabalho. E você... Bom, você prosseguiu com
um sorriso no rosto. Poderia ter tido uma dorzinha também, mas pelo que percebi
estava muito ocupado cuidando da dorzinha de outro alguém.
E eu? Eu me dei conta de que a vida não iria parar para que eu pudesse
catar todos os pedacinhos que haviam se destroçado no chão depois de um
término. Ainda que fosse de tanto tempo juntos. Me levantei daquela cadeira com
um ânimo novo, era como renascer. Ver a vida tão bonita lá fora, esperando ter minha
alegria de volta era como um pedido de recomeço. Um laço que eu só poderia
fazer comigo mesma. Então resolvi tomar o melhor remédio que poderia sarar
minha dor: A vida!
Hoje eu não deixo dorzinha alguma acabar com meu humor ou me fazer
ficar em casa numa sexta à noite, a não ser que seja para uma festinha entre
amigas. Bobby espera ansioso minha volta pra casa e quando chego é uma alegria
sem fim. Mas o melhor de tudo foi entender que eu não posso colocar minha
cura na mão de ninguém, eu saro por conta própria.
Muito bom, seus textos são ótimos, parabéns!!
ResponderExcluirMuito lindo!!!!
ResponderExcluirGente, nao poe em anonimo nao! :( Coloca o nomezinho pra eu saber poxa
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