domingo, 19 de abril de 2015

NADA

Me fitava como se soubesse o que se passava em minha cabeça. Desviava todo o tempo seu olhar. Olhar cheio de perguntas, procurando achar respostas no meu. Eu repetia que nada havia, em vão. Ele continuava a perguntar.

Eu, repleta de sentimentos inquebrantáveis por aquele Ser, precisava manter-me firme quanto sua partida. Eu disse que não me permitiria chorar mais uma vez por alguém que desejasse ir embora assim, afinal, a vida é feita de escolhas. Mas ele insistia, parecia não compreender.

E por fim, disse nada haver - tentando deixar claro não só a ele, mas à mim.

Não há nada.
Nada.
Porém, um nada tão cheio de tudo.

domingo, 5 de abril de 2015

EU PODERIA

Eu poderia te ligar agora. Te convidar pra um café quente, ou uma cerveja gelada. Poderia mandar um e-mail te contando as novidades, perguntando sobre o trabalho ou a faculdade. Mais que isso, poderia aparecer na porta do teu trabalho. Te raptar no meio da noite, te levar pra ver o brilho da lua ou sentir a brisa do mar. Poderia. Poderia lhe dizer o quanto faz falta, o quanto eu quis que déssemos certo. O quanto eu tentei e o quão difícil foi ter que abrir mão de você, de nós. Poderia, poderia sim. Poderia fazer isso agora, sei exatamente o horário que chega e sai de casa. Poderia aparecer lá, inventar qualquer desculpa só pra ter a oportunidade de ver seu sorriso mais uma vez. Poderia te enviar uma carta, dessas que costumava escrever, com poucas palavras carregadas de muito sentimento. Poderia. Poderia hoje, poderia agora. Porque durante muito tempo você foi a solução. Mas aí você resolveu ser o problema. E eu deixei de poder, pois já não valia mais a pena.