quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

VOCÊ JÁ VIU A MORTE DE PERTO?

Você já viu a morte de perto? Eu já, duas vezes.

A primeira, levou uma das pessoas mais verdadeiras que já conheci. Doce do jeito que era, se escondia atrás de uma casca e só quem conhecia profundamente seu coração sabia a fragilidade que nele havia. Nada disso impedia a força que existia nele, uma das pessoas mais fortes que já passaram pelo meu caminho. Me ensinou com amor coisas que estão entrenhadas em mim até hoje, mesmo depois de tantos anos - e certamente vão morrer comigo. Num dia ele me prometia voltar para um lugar que era nosso; e noutro, se foi. Sem abraço, nem beijo, nem tchau. E ainda assim, permanece aqui. Ele vive num lugar que morte alguma poderá arrancar: dentro de mim.

Já a segunda vez, eu podia ver o amor vivo na pessoa. Havia nascido para juntar-se à mim e se houve outras vidas certamente nos reencontramos em todas elas. Eu sempre fui imensa em tudo que fiz, e se me dei cem por cento não recebi o mesmo, mas ainda assim de alguma forma me bastava. Meus olhos foram-se abrindo aos poucos até que veio a morte, mais uma vez levando alguém o qual fazia meu coração pulsar, depois de tantos anos eu já não me lembrava do gosto amargo que havia nela. Nessa sensação de perda irreparável.

Mas diferente da primeira vez, a pessoa permanece viva por aí. A diferença foi em tê-la perdido em vida. Um belo dia eu senti: morreu. Em mim e em tudo que eu planejava. As palavras já não soavam com verdade - se é que soaram algum dia - e os atos nunca condisseram com as palavras. Isso me faz questionar: como pode morrer algo que jamais existiu?

Enquanto a morte do corpo nunca foi capaz de apagar uma das pessoas que mais amei na vida, a vivência foi capaz de matar alguém que ainda vive
mas não mais
em mim.