Não
sabia o que era pior, a madrugada sendo cada dia mais fria sem você
ou a sensação de que a qualquer momento ultrapassaria aquela porta
de madeira gritando “Ei
ei, cheguei cheguei” cheio
daquela risada e bom humor que só você tinha.
Vivia,
mas era apenas isso: um replay
de dias inexplicavelmente iguais e quase insuportáveis. Não
passavam de manhãs, tardes e noites em preto e branco. Everyday.
Todos os dias. Acordar, trabalhar, comer – quando
lembrava, voltar pra
casa e me aninhar em outro lugar que não fosse onde passávamos
nossas inesquecíveis noites. Às vezes dormia na sala, caída pelo
sofá e outras no quarto de hóspedes. Isso
quando dormia.
A
verdade é que passar noites em claro já era quase que um costume
nesses últimos meses. A culpa por ter partido era como uma pedra que
batia forte dentro de mim sem pena alguma da dor que causava. Ô, e
que dor!
Se
houvesse me traído ou sido traída, saberia que a raiva presente
ofuscaria qualquer dor; se tivesse escolhido me abandonar, um pequeno
sentimento de esperança haveria dentro de mim. Mas simplesmente
saber que se foi, partiu sem volta e sem ao menos ter como dar um
último “adeus”, era algo que nem terapia nem tempo algum poderia
me fazer superar.
Nunca
esperamos pela partida de alguém tão próximo. Enterrar pessoas de
idade é enterrar o passado, mas ter que enterrar alguém tão novo é
enterrar um futuro repleto de vida. Vida que se foi, vida que não
volta.
E
junto com essa vida, foi-se a minha também.
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