Estávamos numa festa, olhei-o; percebi que o mesmo já me encarava, virei-me sem graça. Voltei a olhá-lo, ele percebeu e como numa fração de segundos virou-se em minha direção, sorrimos antes que desse tempo de uma segunda virada de cabeça. Aquele momento implorava por uma troca maior que apenas olhares, meu pensamento insistia em querer conhecer mais a fundo aquele que tanto me intrigava, e eu não sabia nem mesmo seu nome.
Essa noite poderia terminar de três diferentes formas:
1. Em arrependimento! Sorrio e saio de fininho;
2. Num beijo e possível troca de números do WhatsApp;
3. Num quarto, longe dali.
Mas jamais terminaria:
1. Num abraço.
Abraço é muito démodé. A graça é conhecer rápido, falar pouco e beijar muito. Raramente uma troca de mensagens no dia seguinte. A graça é sentarmos numa mesa e ao invés de trocarmos histórias e gargalhadas, trocarmos wifi nos iludindo estarmos "juntos". Abraço, quê é isso mesmo?
Beijo é bom, não disse o contrário. É calor, conexão, encontro, intimidade. Mas não há nada mais íntimo que poder dar-se num abraço. Queria eu morar num abraço! Viver dentro do refúgio que é abrigar-se em alguém. Abraço é encontro de alma e espírito, é deparar-se com o coração do outro; é casa pra se morar.
E quando encontramos essa casa, kitnets já não nos satisfazem mais.
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